Um grande clássico para formar grandes leitores
O Mágico de Oz é um clássico da literatura infantil, considerado pelo autor L. Frank Baum um “conto de fadas modernizado”. Levada por um ciclone para a maravilhosa Terra de Oz, a menina Dorothy faz grandes amigos e vive várias aventuras. Com ela e seus três amigos – o Espantalho, o Lenhador de Lata e o Leão Covarde – aprendemos o valor da amizade, da inteligência, do amor e da coragem.
Conversamos com o editor da FTD Educação, Bruno Salerno Rodrigues, que nos conta mais sobre a obra e porque o professor, ao escolher esse clássico no PNLD 2023 – indicado para o Ensino Fundamental Anos Iniciais, vai contribuir na formação leitora dos estudantes.
- Conte um pouco sobre a obra e a relação dela com os temas da atualidade.
O Mágico de Oz, escrito por L. Frank Baum, foi lançado em 1900 e, desde então, vem encantando crianças e adultos, tornando-se uma referência e um clássico da literatura infantojuvenil. A história narra as aventuras da menina Dorothy, órfã que mora com seus tios em uma casa modesta na zona rural dos Estados Unidos. Um dia, ela é levada por um ciclone para a maravilhosa Terra de Oz.
Tudo o que Dorothy quer é retornar a sua casa no Kansas e, para isso, vai em busca do grande e poderoso Mágico de Oz para realizar esse desejo. No caminho, ela encontra novos amigos que também querem pedir algo a Oz: o Espantalho, que deseja um cérebro para ser inteligente e racional; o Lenhador de Lata, que almeja um coração para ser capaz de amar; e o Leão Covarde, que acredita precisar de coragem para tornar-se digno do título de Rei dos Animais. Juntos, eles transpõem grandes desafios, como atravessar um campo de papoulas mortais, enfrentar os Cabeças de Martelo, sobreviver ao ataque dos Macacos Alados e derrotar a Bruxa Má do Oeste. Também conhecem lugares fantásticos, como a Cidade das Esmeraldas, o País de Porcelana e o Reino de Glinda.
A obra tematiza as qualidades desenvolvidas pelos personagens que acompanham Dorothy: inteligência, coragem e amor. Outros temas importantes, estabelecidos na trajetória da protagonista e na relação dela com os outros personagens, são a autoconfiança e o fortalecimento das relações com a família e com os amigos.
- Quais são os pontos fortes da leitura da obra para o professor e para os estudantes?
O Mágico de Oz rompe com vários estereótipos comuns às histórias infantis tradicionais. Na obra, por exemplo, existem bruxas más e boas, o que é observado pela própria personagem Dorothy ao comentar com a Bruxa Boa do Norte: “— Pensava que todas as bruxas eram más — disse a menina, assustada por estar diante de uma bruxa de verdade” (p. 13). Outra inovação é ter como protagonista uma menina decidida e independente, que reúne todas as características que seus amigos buscam: bondade, inteligência e coragem.
A obra permite ao professor trabalhar com os estudantes, a partir das histórias das personagens, as qualidades e habilidades que cada um possui: ao longo da narrativa, o Espantalho tem ideias inteligentes; o Lenhador de Lata se desdobra para ajudar os amigos, demonstrando amor e compaixão; e o Leão Covarde se mostra, na verdade, muito corajoso e disposto a enfrentar todos os perigos para salvar os companheiros.
Ainda, deve-se chamar a atenção dos estudantes para a narrativa visual da obra O Mágico de Oz, despertando o interesse deles pela história contada pelas imagens.
- Como a obra pode colaborar na formação leitora dos estudantes? O que você diria ao professor de escola pública para fomentar essa formação, na escola e fora dela?
As histórias de Dorothy, de seus três novos amigos e do Mágico de Oz, apresentadas em um texto envolvente, agradável e bem encadeado. Essa adaptação torna um dos maiores clássicos da literatura infantil acessível à leitura autônoma dos estudantes de 4o e 5o anos do Ensino Fundamental Anos Iniciais, fase em que a criança adquire maior fluência de leitura e capacidade de compreensão de textos mais extensos, mas que ainda devem ser adequados à faixa etária.
As descrições detalhadas dos vários cenários da Terra de Oz e das ações das personagens permitem explorar os elementos da narrativa e a compreensão de texto. Já os diálogos, ágeis e bem construídos, facilitam a realização de atividades voltadas para a fluência de leitura. E as delicadas imagens produzidas por Marilia Pirillo apresentam as principais personagens e as situações vividas por elas em uma narrativa própria, especialmente na abertura dos capítulos, que complementam a formação leitora dos estudantes com a leitura visual.
O Mágico de Oz é uma obra adequada ao leitor em processo, fase em que a criança já domina parcialmente o mecanismo da leitura, mas ainda necessita da presença do adulto para motivar e estimular a leitura e adquirir gradativamente a fluência necessária para a compreensão de textos mais extensos.
A fluência de leitura, tanto silenciosa como oral (em voz alta), pode ser bem desenvolvida no trabalho com o livro O Mágico de Oz. A obra apresenta parágrafos com períodos curtos, descrições precisas de cenários, ações e sentimentos das personagens e diálogos ágeis e coloquiais que facilitam a leitura dramática. A estrutura da narrativa também permite reforçar habilidades e competências de leitura já dominadas pelas crianças e as desafiar à leitura de um texto mais complexo.
Professor, para fomentar a formação leitora dos estudantes é importante atuar como mediador da leitura, desde a escolha da obra a ser lida, que deve ter qualidade literária para ser envolvente e estimulante para a criança, até as estratégias adotadas na formação crítica e progressivamente autônoma do estudante como leitor fluente.
A leitura literária é uma atividade social e, em muitos casos, coletiva. Ao ler um mesmo livro, compartilhamos impressões e opiniões acerca dos diversos temas abordados. Na escola, como mediadores de leitura, os professores têm a responsabilidade de ampliar essas discussões, conduzindo os estudantes não só a entrar em camadas mais profundas de interpretação como também a habituar-se a ouvir diferentes pontos de vista e compreendê-los.
É necessário lembrar que toda boa experiência passa pelo afeto. A leitura nos aproxima do outro e nos ajuda a elaborar novos significados, construir sentidos e compreender o mundo. Quando o mediador da leitura é afetado pelo texto, transcende a leitura e passa a cumprir um papel importante para a formação do leitor: passa a construir um espaço de diálogo entre a história e a criança e, consequentemente, entre a criança e o mundo.
Outra função do mediador é deixar o leitor à vontade para observar e explorar as imagens, respeitando o tempo de que ele necessita para o exercício de olhar, bem como criando um espaço propício para a aquisição e a socialização de saberes. É preciso permitir ao estudante fazer questionamentos à própria maneira, tirando as dúvidas dele e deixando-o expor as interpretações pessoais diante do que vê, pois o conhecimento não é estagnado e absoluto.
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Sobre o editor:

Bruno Salerno Rodrigues estudou Filosofia, graduou-se em Comunicação Social na USP e fez o curso de Regeneração Ecológica Gaia Education. É autor dos roteiros em quadrinhos de Hamlet (2011) e A tempestade (2013), adaptações de William Shakespeare. Como editor, trabalhou no Estúdio Sabiá, na Editora Capital Aberto e nas Edições Sesc. Hoje, edita literatura infantil e juvenil na FTD. É membro titular do Conselho de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (Cades) do Butantã, em São Paulo.